
O acusado pela morte da advogada paranaense Tatiane Spitzner, Luis Felipe Manvailer, vai responder por homicídio qualificado com uso de meio cruel e feminicídio, além de fraude processual. Ele irá a júri popular e permanecerá detido na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) até a data do julgamento, ainda não definida.
Na quinta-feira (30), os desembargadores da 1ª Câmara Criminal de Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) excluíram da acusação contra Luis Felipe Manvailer as qualificadoras motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.
No entendimento da presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (CEVIGE) da OAB Paraná, Helena de Souza Rocha, pode-se até interpretar que houve enfraquecimento da denúncia, porém manteve-se a centralidade do caso com as qualificadoras de feminicídio e uso de meio cruel, bem como o crime de fraude processual. A advogada destaca ainda a decisão de manutenção da prisão do acusado, como era a expectativa da família, e o fato do acusado responder pelo crime hediondo perante júri popular.
A OAB Paraná acompanha o caso desde o princípio. À época do crime, a diretoria da seccional designou os advogados Rodrigo Sánchez Rios, Sandra Lia Bazzo Barwinski e Elizania Caldas Faria para acompanhar os desdobramentos judiciais da morte da advogada Tatiane Spitzner, ocorrida em 22 de julho de 2018, em Guarapuava.
A advogada Sandra Lia Barwinski destaca que foi mantido o entendimento de que a causa da morte foi asfixia, frisando que são raros os casos em que a prova consiste em imagens que evidenciam a violência doméstica e familiar. “As imagens da violência que rodaram o mundo são irrefutáveis”, pontua.
“Infelizmente uma vida preciosa foi perdida, pessoas de ambas as famílias e de seus convívios tiveram suas vidas profundamente impactadas. Para isso, confiamos que o caso venha a ser julgado com toda a Justiça. Mas estamos também diante de um mal da nossa sociedade, uma verdadeira epidemia”, afirma a vice-presidente da OAB Paraná, Marilena Winter.
“Recentemente, apenas para citar um fato ocorrido na mesma semana do julgamento, fomos atingidos novamente pela brutalidade do caso da jovem Maria da Glória e nos solidarizamos com a dor de mais essa família. Nosso desejo e nossa luta é pela mudança no comportamento que gera tal violência e que o Estado cumpra seu papel de, além de julgar e punir, atuar preventivamente contra esse descalabro que é a violência do feminicídio”, pontua Marilena.
O caso mobilizou a seccional e a advocacia paranaense a organizar uma caminhada no Dia do Advogado, em 11 de agosto de 2018, em memória da advogada Tatiane Spitzner e em protesto contra todas as formas de violência. A manifestação reuniu centenas de pessoas e contou com o apoio de diversas entidades em defesa das mulheres, entre elas o Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR), a Mex Brasil, o Mulheres do Brasil, a União Brasileira de Mulheres (UBM) e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem).
O dia 22 de julho, data da morte da advogada Tatiane Spitzner, foi instituído como Dia de Combate ao Feminicídio no Paraná. A Lei nº 19.873/2019 que define esse dia no calendário do estado foi sancionada pelo governador do Paraná, Ratinho Junior, no dia 25 de junho de 2018.
Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi encontrada morta após cair do prédio onde morava, em Guarapuava. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML) a morte da advogada foi causada por asfixia mecânica. Tanto o exame de necropsia quanto os resultados dos exames complementares concluem que a morte não foi causada pela queda do quarto andar do edifício onde ela morava com o marido, em Guarapuava.
Fonte: OAB-PR